Esta é a primeira pesquisa do instituto no segundo turno da disputa presidencial
Os indecisos são 2%, e brancos e nulos somam 6%. A pesquisa é um retrato do momento e não necessariamente reflete a votação que os candidatos terão.
Esses números (cuja soma total passa de 100% em razão de arredondamentos) dizem respeito ao total de votos, incluindo aí nulos, brancos e indecisos. Quando a métrica aplicada é a da contagem final do Tribunal Superior Eleitoral, a de votos válidos, Lula tem 53% e Bolsonaro 47%. No primeiro turno, disputado no domingo passado (2), o ex-presidente somou 48,4% dos votos válidos e o atual, 43,2%.
Na modalidade dos válidos, são excluídos os nulos e brancos na urna eletrônica, e os indecisos na pesquisa.
Lula pode ter na fotografia dos votos totais de 47% a 51%, ante de 42% a 46% de Bolsonaro, que voltou a colocar em dúvida a lisura da apuração, mas sem a estridência usual, e tem focado na crítica ao que chama de erro dos institutos de pesquisa.
O voto se mostra bastante cristalizado, com 93% dizendo já saber quem escolherão no próximo dia 30. Entre aqueles que apoiaram no primeiro turno Simone Tebet (MDB), 47% dizem que a candidata deveria fazer o que fez, apoiar Lula, e 36%, que deveria ter ido de Bolsonaro. Já 44% dos eleitores do quarto colocado, Ciro Gomes (PDT), que deu um apoio mais envergonhado a Lula, afirmam que ele deveria ter feito isso, enquanto 40% sugeriram voto no presidente.
O desempenho de Bolsonaro, turbinado por bons resultados de seus aliados nas disputas estaduais e pelo Congresso, além do voto útil presumido da desidratação final de Ciro, mostrou-se superior ao que se via na fotografia dos dois dias anteriores ao pleito.
Nesta primeira rodada de pesquisa do segundo turno, o Datafolha ouviu 2.884 eleitores em 179 cidades, de quarta (5) a esta sexta-feira (7). Contratado pela Folha e pela TV Globo, o levantamento está registrado no TSE sob o número BR-02012/2022 e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Por sua vez, Bolsonaro demonstrou musculatura política ao angariar declarações de voto de seis governadores, inclusive Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou de fora do segundo turno em São Paulo, e do reeleito Romeu Zema (Novo-MG).
Embora seja limitado o efeito do trabalho de nomes estaduais, são líderes dos dois maiores colégios eleitorais do país —o terceiro é o Rio, onde o reeleito Cláudio Castro (PL) já era aliado de Bolsonaro. No primeiro turno, os estados somaram 36% dos votos válidos do país.
Na amostra populacional desta pesquisa, o Sudeste, aí incluído o pequeno Espírito Santo, tem 43% do eleitorado total. É o campo de batalha mais óbvio do país, e Bolsonaro inverteu a vantagem que Lula tinha até aqui: tem 47% dos votos totais, ante 44% do petista. Estão tecnicamente empatados.
A dianteira do petista segue o padrão do primeiro turno no Nordeste (27% do eleitorado), onde é rei: tem 66% dos votos totais, enquanto o rival tem 28%. Depois de um escorregão feio ao comentar o primeiro turno, no qual associou o petismo nordestino ao analfabetismo, Bolsonaro tem feito uma declaração de amor por dia à região.
Resta saber se isso mudará uma tendência que se desenha desde os tempos em que o PT se antagonizava com o hoje nanico PSDB na disputa pelo poder federal. O mapa eleitoral do primeiro turno mostrou um país cindido na diagonal, com Minas Gerais sendo o ponto de fratura mais evidente: no dia 2, Lula prevaleceu por 48% a 43% dos votos válidos, emulando o país.
Outra frente já delineada pela campanha bolsonarista é tentar recuperar o voto feminino. Um problema, dado que ao longo da disputa do primeiro turno ele se mostrou bastante refratário ao presidente, colecionador de tiradas machistas e da imagem pouco empática.
Entre elas, donas de 52% da amostra, Lula lidera com 50% dos totais e Bolsonaro marca 41%. Não por acaso, o presidente tem tentado se mostrar mais moderado e feito promessas de políticas para mulheres e voltou a colocar a primeira-dama, Michelle, em papel de destaque na sua propaganda.
Ela tem sido voltada particularmente para os evangélicos que já apoiavam consistentemente o presidente, com acusações fartas de que Lula é anticristão, satanista, cristofóbico e afins. No segmento, que soma 27% da amostra, Bolsonaro tem 62% e o rival, 31%.
O apoio se mostra consistente com o apurado pelo Datafolha ao longo do primeiro turno, demonstrando que o mal-estar de redes sociais com a campanha associando Bolsonaro à maçonaria não se converteu em perda de votos no grupo.
Já entre os católicos, 53% do eleitorado mas muito mais desorganizados politicamente, o petista lidera com 55% ante 38%.
No mais, o retrato é semelhante ao aferido ao longo da campanha. Lula encontra seu bastião entre os mais pobres, liderando entre os 49% que ganham até 2 salários mínimos por 54% a 37% dos votos totais. Novamente, a aposta de Bolsonaro tem sido em ampliar benesses, como na antecipação do Auxílio Brasil, mas até aqui isso se mostrou inócuo nesta parcela da população.
Já o presidente vai bem na faixa acima, derrotando o petista entre os 36% que ganham de 2 a 5 mínimos por 52% a 41%.